terça-feira, 27 de novembro de 2012

Mulheres e Clima: outra Página num Livro Repleto de Desigualdades

Questões de gênero e mudanças climáticas. À primeira vista, não parece ser o par de temas que suscita muitas ligações. Mas felizmente essa questão, que vem sendo discutida por diversos movimentos sociais há anos, está começando a ganhar algum eco nas cúpulas climáticas. A COP18, em Doha, felizmente, abriu espaço para essa discussão. O que é preciso ficar claro é que, como nas questões de classe, de nacionalidade e de etnia, o peso dos impactos das mudanças climáticas é desigual sobre os gêneros. O machismo predomina culturalmente em praticamente todo o planeta e, economicamente a relação entre os gêneros está longe de ser justa.

No Nordeste do Brasil, essa relação entre gênero e clima, por exemplo, não é nova. A variabilidade climática, com secas recorrentes, sobre a região se entrelaça à vulnerabilidade sócio-econômica dos pequenos agricultores de sequeiro do semi-árido. Historicamente, quantas mulheres passaram a assumir, sozinhas, a condição de chefes de família no sertão, em função da migração forçada de seus companheiros. Por vezes, estes são leais e continuam contribuindo com o sustento de suas famílias e chegam, a depender da situação, a retornar a seus lares. Mas nem sempre as coisas funcionam assim e o abandono não é raro. 

Mundialmente, existe um risco de exacerbação das secas em determinadas regiões do planeta marcadas pela pobreza, como as regiões secas e semi-áridas da África sub-saariana, grandes extensões do México, o semi-árido brasileiro (que representa grande parte de quase todos os estados nordestinos e o norte mineiro). Apesar de em alguns casos não haver uma tendência clara nas projeções de precipitação regionais (modelos climáticos em alguns casos divergem no cenário futuro das chuvas), os prognósticos para a temperatura são muito claros: ela deve subir em todo lugar. Nessas regiões, isso tende a exacerbar as já elevadas taxas de evaporação e evapotranspiração, com impactos sobre agricultura e recursos hídricos. Lamentavelmente, sabe-se que o peso dessas mudanças tende a recair bem mais sobre os ombros das mulheres e por isso, os movimentos de mulheres não podem deixar de estabelecer essa ligação e se unirem à necessária mobilização internacional por igualdade climática e justiça ambiental.

2 comentários:

  1. Olá Samantha. Obrigado. Precisamos mostrar que a questão climática se entrelaça com as questões de gênero, de geração, de classe, de etnia. Assim, poderemos mostrar a resposta social necessária. Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Olá Prof. Alexandre Costa...meu nome é Fernando Lobato...sou o atual Presidente do PSOL no Amazonas e estamos criando aqui um setorial dedicado a temática do Ecossocialismo....Gostaria de saber se há a vossa disponibilidade para a apresentaçao desse tema aqui em Manaus.....aguardo um contato através do email psol50am@gmail.com ou fone (92) 8185-2228...

    ResponderExcluir

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

Mais populares este mês