segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Que 2013 seja quente, em todos os sentidos!

Não estou aqui para dourar a pílula e estourar champanhe (cuja uva, no andar da carruagem, vai deixar de ser plantada na França para cruzar o Canal da Mancha e aportar na Inglaterra). 2012 foi muito difícil para a questão climática. O Ártico bateu recorde de degelo. Temperaturas extremas foram registradas em todo lugar, com o Rio de Janeiro passando dos 43 graus e os EUA tendo  o ano mais quente (e um dos mais secos) do registro histórico. Taxas de elevação do nível do mar acima de qualquer projeção se confirmaram e estudos mostraram um quadro bastante grave, incluindo um aquecimento maior  do que o que se conhecia em parte da Antártida e uma mortandade significativa de corais e pequenos moluscos, cujas vidas ficam comprometidas em função de um oceano mais ácido. O Atlântico teve uma temporada acima da média, com 19 tempestades tropicais dos quais 10 chegaram a se configurar como furacões. Um deles, Sandy, fez 253 vítimas mortais (principalmente nos EUA e no Haiti) e provocou prejuízos gigantescos na cidade-coração do capitalismo mundial.  No Pacífico, o total de tempestades ficou bastante dentro da média, mas dos 14 tufões, 5 foram considerados "super-tufões", dentre os quais Bopha, que causou nada menos que 1067 mortes confirmadas, tendo sido a segunda tempestade desse tipo mais mortal a se abater sobre as Filipinas. Não precisa dizer que as concentrações de dióxido de carbono também estiveram nas alturas.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rio 40 Graus... 41, 42, 43...


Rio 40 Graus é o título de um filme de Nelson Pereira dos Santos, de 1955, portanto de quase seis décadas atrás. Meninos da favela vendem amendoim sob um sol escaldante, em pontos turísticos do rio. Provavelmente pela realidade social mostrada no filme, o filme foi proibido durante a ditadura militar. O censor alegou, no entanto, posando de climatologista, que o filme seria mentiroso, pois a temperatura do Rio nunca teria excedido os 39,6 graus... Mas eis que hoje os sites de notícias anunciaram que a estação de Santa Cruz, na zona oeste da Cidade Maravilhosa, teria estabelecido novo recorde de temperatura, chegando aos 43,2°C.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Eles também sabem II - Grilos Falantes e Pinóquios

A ciência nos permitiu curar doenças mortais para nós seres humanos há poucos séculos ou mesmo décadas. Nos ofereceu a possibilidade de nos deslocarmos por terra, mar e ar. Nos deu condições de nos comunicarmos e trocarmos idéias a quilômetros de distância. Sistemas integrados, asas de avião, antibióticos são exemplos de como, no dia-a-dia, não só damos ouvidos à ciência como chegamos a confiar nossas vidas na justeza do seu método. 

A ciência é cumulativa, avança, se auto-corrige. Por vezes se revoluciona, mas sempre no sentido de ampliar os horizontes e não de retroceder a superstições, crendices ou pseudo-ciência (a Relatividade, por exemplo, não "nega", antes amplia o alcance da Mecânica Newtoniana, que passa a ser caso particular da primeira). E é por isso que, sem nos sentirmos, confiamos tanto nela.

O problema surge quando ela apresenta alguma conclusão que nos desagrada ou que incomoda, seja porque contraria alguma crença pessoal (a Evolução das Espécies ainda hoje irrita alguns fundamentalistas) ou nos leva a (ou impõe) alguma mudança de hábito pessoal ou coletivo. É mais grave ainda quando interfere com algum interesse econômico ou político fortemente estabelecido. E é aí que a Ciência do Clima se tornou um incômodo grilo falante.

A conclusão (tão bem estabelecida quanto o papel do DNA na evolução biológica ou da Gravitação na Mecânica Celeste) de que a elevação das concentrações de gases de efeito estufa, principalmente dióxido de carbono, emitidos em atividades humanas, tem levado ao aquecimento do sistema climático e de que a continuidade desse processo pode trazer riscos severos mexe precisamente nesses dois últimos pontos nevrálgicos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Ho, ho, hot!


2012 estabeleceu um novo padrão para o recorde de degelo no Ártico. Pela primeira vez desde que vem sendo medida a partir do final dos anos 70, a área do Oceano Ártico coberta por pelo menos 15% de gelo ficou reduzida a menos de 4 milhões de quilômetros quadrados. A comparação com a  média climatológica para esse período (figura ao lado) é impressionante. É uma verdade óbvia que, a cada verão, o gelo derrete na região, mas não na proporção deste ano. A cobertura de gelo em 2012 ficou 10% menor do que o recorde anterior, valor já impressionante de 5 anos atrás (figura abaixo).

sábado, 22 de dezembro de 2012

Números II - Logaritmos e Regras de Três


Evidentemente, para representarmos corretamente os processos físicos e as interações biogeoquímicas no interior do sistema climático, são necessários modelos sofisticados das componentes desses sistemas. Os chamados "Modelos do Sistema Terrestre" de hoje em dia são gigantescos programas de computador com muitos milhares e até milhões de linhas que incluem tipicamente um modelo de circulação geral da atmosfera, um modelo oceânico global, modelos de gelo marinho e continental e um modelo de superfície com solo, vegetação e hidrologia continental dinâmicos, além de módulos de química, ciclo do carbono, etc. 

Isso pode fazer com que a Ciência do Clima pareça obscura para a grande maioria das pessoas. Mas para se obter uma estimativa de alguns números, cruciais para que se estabeleçam metas de estabilização das concentrações de gases de efeito estufa, podemos usar representações mais simples, que permitem que boa parte das pessoas nos compreenda. Vamos tentar fazer isto neste texto.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O AR5 e o Tiro pela Culatra dos Negadores

Muitos conhecem o famigerado fuzil AR-15, arma semi-automática extremamente difundida, inclusive entre grupos paramilitares e facções criminosas. Bem menos conhecido é um dos antecessores dele, o AR-5, um rifle adotado pela Força Aérea dos EUA na década de 1950, mostrado ao lado.
Armas: AR15 (acima), AR5 (abaixo)

Mas não é de rifles, fuzis e similares de que vou falar aqui, evidentemente. Prometi que voltaria ao assunto e aqui está... O tema que abordarei é outro AR5, o 5° Relatório de Avaliação do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas) e o gigantesco tiro que os negadores da mudança climática deram no próprio pé quando tentaram capitalizar alguma coisa com o "vazamento" da 2ª revisão desse Relatório e divulgação de um ou outro trecho do material, como se de alguma forma as evidências em torno das mudanças climáticas e do papel antrópico possam vir a aparecer enfraquecidas neste relatório, em relação ao seu antecessor (o AR4, disponível no site do IPCC).

Bopha, 333

A atenção dada pela mídia é bem menor do que aquela dedicada a Sandy, mas é impossível não falar aqui do super-tufão Bopha (imagem de satélite ao lado), que chegou à categoria 5  na classificação de Saffir-Simpson, o que implica que seus ventos sustentados ultrapassaram 252 km/h. No dia 4 de dezembro, Bopha chegou às Filipinas. Foi a tempestade mais forte que se tem notícia a atingir aquele país. De imediato, se registraram inúmeras mortes e centenas de desaparecimentos. Hoje, o total de mortes confirmadas ultrapassou 1000 pessoas. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Novembro de 2012: 5° mais quente em 133 anos.

Mapa com a distribuição da temperatura de Novembro/2012,
em percentis. Fonte: NCDC/NOAA
Segundo o boletim mensal da National Oceanic and Atmospheric Administration, Novembro de 2012 é o quinto Novembro mais quente de todo o registro histórico, desde 1880, quando este se iniciou, com uma temperatura média global 0,67°C acima da média do século XX. Os 10 meses de Novembro mais quentes de todo esse período ocorreram nos últimos 12 anos. Sobre os continentes, as temperaturas estiveram 1,13°C acima da média do Século XX, reforçando o fato bem conhecido de que estes tendem a aquecer mais rapidamente do que os oceanos. A maior parte da América do Sul, da África, da Austrália e do Oceano Índico estiveram com temperaturas muito acima da média. Recordes de temperatura ocorreram no Caribe, em porções do norte e oeste africanos, dentre outras regiões.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Números

Na semana que se encerrou ontem, tive a oportunidade de discutir a questão climática em dois eventos: a exibição do documentário "6 graus" no Projeto "Arte e Crítica", na Universidade Estadual do Ceará e a mesa de abertura do "Seminário Ecossocialista" do PSOL-CE. 

"Seminário Ecossocialista"
Em ambas as situações, ficou claro para mim que existe a necessidade de construir o entendimento, por parte das pessoas, de que o aquecimento global é um fenômeno real, já presente e em aceleração, de que o mesmo é motivado pelo acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera terrestre e de que o aumento da concentração desses gases se dá em virtude das atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis. Há, também, que se deixar a mensagem de que o corpo científico que trabalha na construção da Ciência do Clima, investigando, publicando, elaborando os relatórios do IPCC (e, no Brasil, do PBMC), etc., é uma comunidade séria e confiável e que, na eterna imperfeição e incompletude da Ciência, apresenta ao público a última palavra do conhecimento na área e de que se há erros nas projeções anteriores do IPCC, a maioria desses erros se dá ao se subestimar a velocidade das mudanças (vide degelo do Ártico e elevação do nível dos oceanos). 

Mas percebi que há algo que causa impacto, ao falarmos. São determinados números, que mostram como é crítico agir com rapidez para deter a locomotiva descontrolada do aquecimento global (Nesse sentido, por experiência própria, vi como a campanha "Do the Math", de Bill McBibben e da 350.org é interessante).  E aí, resolvi colocá-los de forma sintética aqui:

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Vazamento do 5° Relatório do IPCC: o que esperar?

Foto do Encontro de Autores-Líderes
do WG-I do IPCC 
Assim como há 3 anos, quando houve a violação dos servidores de email da University of East Anglia, dando origem ao factóide que tentaram chamar de Climategate, novamente outro factóide parece querer se gestar. Trata-se do vazamento do "Second Order Draft" do material do WG-I (Grupo de Trabalho I, dedicado ao levantamento das bases físicas das Mudanças Climáticas).

Como de praxe, a blogosfera negadora apressa-se em tentar atacar o relatório ou falseando grosseiramente a verdade ou pinçando alguns trechos e colocando-os fora de contexto. Só gosto de emitir opiniões com completo conhecimento de causa e voltarei ao tema posteriormente, em detalhes, mas obviamente resolvi colocar esta postagem para preparar o espírito de todos. Nossa comunidade sofrerá novos ataques do lobby da indústria fóssil, catapultados por indivíduos inescrupulosos, sem compromisso com o método científico, a ética e a verdade.

Estou com o relatório em mãos e já foi possível constatar numa leitura rápida que, como era de se esperar, o AR5 (5° Relatório de Avaliação) tende a reforçar (ainda é um esboço, portanto deverá sofrer alterações) as conclusões do AR4 (4° Relatório de Avaliação). O entendimento de que a contribuição antrópica é o principal fator que determina as mudanças climáticas do presente se ampliou e a atribuição de uma causa antrópica vai além das temperaturas superficiais e chega a variáveis cruciais como o conteúdo de calor oceânico e o degelo do Ártico. Afirma-se, com menor margem de incerteza, que a Irradiância Solar Total apresentou uma variabilidade muito pequena desde o advento da era industrial, tornando ainda mais remotas quaisquer chances (que já eram ínfimas) de que a atividade solar guarde  relação causal com o aquecimento global observado. Em geral, o AR5 também deverá estabelecer vinculações mais fortes entre a influência antrópica, a mudança climática fenômenos extremos ainda que, em relação ao AR4, ele tenha chegado a conclusões diferentes sobre a ocorrência de secas. O que percebi é que esta última constatação já está sendo colocada fora do contexto e que a discussão sobre o papel do Sol está sendo falsificada da forma mais grosseira que se possa imaginar nos sites dos negadores.

Enfim, posso resumir...

Como esperado, o AR5 reforça o corpo de evidências que se acumulou desde o AR4 e o TAR (3° Relatório), mostrando cada vez mais claramente que as mudanças climáticas correntes são de natureza antrópica, em função da emissão de gases de efeito estufa de vida longa, principalmente CO2 pela queima de combustíveis fósseis.

Como esperado, os negadores das mudanças climáticas, imitando os métodos desonestos que a indústria do tabaco utilizou há mais de 30 anos para evitar que a verdade científica sobre a relação entre fumo e câncer fosse aceita pela opinião pública, levando a se tomar medidas para reduzir o consumo do cigarro e salvar vidas, vão buscar uma ofensiva para enfraquecer o impacto que a publicação do AR5 provavelmente terá. Vão repetir suas mentiras à exaustão, a fim de que pareçam verdade!

O IPCC já emitiu uma posição oficial, num documento que tentarei traduzir posteriormente. Mais detalhes podem ser obtidos através deste link. Noutro momento, também mostrarei para vocês como funcionam esses painéis, inclusive falando a partir de minha própria experiência junto ao Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) e vocês entenderão porque o trabalho que nós, cientistas, fazemos é sério e confiável.


Bomba-relógio: o tique-taque acelerado das mudanças climáticas


Recentemente, alguns textos têm circulado, nas mídias alternativas, acerca da justeza das projeções apresentadas pelo IPCC desde os anos 90 para o que era, então, o futuro próximo, e viria a ser, hoje, o nosso presente. Alguns, como este, destacam que as projeções de aquecimento global se confirmaram. Outros, como o texto de James Hansen, em sua versão traduzida, destacam aquilo que mais me preocupa, que é o ritmo alarmante de certas mudanças, que têm sido detectadas no sistema climático na escala de anos.

Distribuição do calor excedente no sistema climático terrestre,
com base nos dados do IPCC. Figura adaptada a partir de
http://www.skepticalscience.com/graphics.php?g=12.
Os sinais mais alarmantes, ao meu ver, estão relacionados a outras variáveis do sistema climático que não a média da temperatura global na superfície. Na realidade, como o planeta e principalmente seus oceanos são tridimensionais, o calor acumulado pelo efeito estufa mais intenso não se distribui homogeneamente e, por vezes, pela própria dinâmica do sistema climático, pode dar preferência ora para uma parte desse sistema, ora para outro. Por exemplo, é possível que parte do calor retido na Terra durante alguns anos se acumule na porção superior do oceano, sendo transmitido depois para a atmosfera. Noutros momentos, é possível que a circulação oceânica mais profunda redistribua esse calor, transportando-o através de suas correntes para regiões remotas do planeta, vindo, em algum momento, a se manifestar de forma mais clara no derretimento do gelo das calotas polares. O quarto relatório do IPCC, por sinal, identifica de forma muito evidente que os oceanos são o principal coletor desse excedente de calor. Os resultados originalmente mostrados nesse relatório são mostrados, de forma mais simples, na figura acima.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Eles também sabem: Isto não é um Vídeo-Game!

Há aqueles, na comunidade acadêmica, que acham que não caberia a nós irmos a público e não caberia a mim assumir a postura recente, de incidir, diretamente junto ao público, sobre a questão das mudanças climáticas e das urgentes ações para contê-las. Ainda assim, dizem entender quão grave é o problema. Há aqueles, no público em geral que, mesmo conhecendo as evidências e aceitando a dura realidade das mudanças no clima, ainda assim, não perceberam a profunda gravidade da questão e não se mobilizaram em torno dela. Não se deu, obviamente, a fusão do conhecimento científico com a ação política e social. Alguns cientistas permanecem alheios a esta última. O grande público continua a ignorar o que se sabe no terreno da Ciência do Clima. Esse desencontro precisa ser resolvido e é no exemplo de cientistas de peso que tenho tentado me inspirar em meus esforços para que um grande movimento em defesa da estabilidade e justiça climática possa emergir. Eles - com bem mais autoridade do que eu - também sabem o que eu sei...

Jornalismo de Tigela Inteira?


É lamentável que possa haver qualquer publicidade adicional para textos como os escritos pelo Sr. Reinaldo Azevedo, mas infelizmente, desta vez, ele tocou em algo que me é bastante caro: a ciência a que me dedico há 19 anos, dentre os quais se incluem um título de mestre e um de Ph.D., um estágio de pós-doutorado e algumas dezenas de publicações que incluem artigos em periódicos e em anais de eventos científicos, capítulos de livro, etc. Daí, tenho que divulgar o “link”, para que os que vierem a lerem estas linhas possam saber do que falo. Neste caso, se há uma coisa me deixa menos preocupado quanto à publicidade, é saber que tais leitores meus serão poucos.

Algum Alento: O Clima Ganhando Voz

Foto da Marcha contra o Aqueci-
mento Global, promovida pela SOS
Clima Terra, Fortaleza, 06/12/2012
Nosso blog está se aproximando das 5000 visitas com menos de três semanas de criação. Ainda é algo muito pequeno, mas acredito que através das redes sociais e da divulgação de material nosso em outros sites, temos conseguido abrir debates importantes junto a esse pequeno público. É importante que multipliquemos as vozes conscientes da gravidade da crise climática e da urgência em mobilizar a sociedade e pressionar formuladores de política e tomadores de decisão em todas as esferas.

Foto da Marcha contra o Aqueci-
mento Global, promovida pela SOS
Clima Terra, Fortaleza, 06/12/2012
Na semana que passou, tive a oportunidade de participar de algumas atividades à luta pela estabilidade e justiça climáticas. No dia 05, foi publicado pequeno artigo que escrevi para o jornal Diário do Nordeste, reproduzido aqui, em meu blog. No dia seguinte, tive a oportunidade de participar da atividade promovida pela SOS Clima Terra, que conseguiu concentrar estudantes em frente à Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, seguida de uma marcha. Enquanto a direção do evento formalizava a entrega de um documento à presidência da AL, aproveitei a oportunidade para literalmente puxar um Deputado pelo braço, e exprimir, enquanto especialista, a posição de que é preciso que aquela questão seja tratada com urgência. A idéia que ele apresentou, de uma Audiência Pública, é boa, mas coloquei que é preciso ir além. No mesmo dia, viajei para Campina Grande e ministrei uma palestra no Instituto Nacional do Semi-Árido no dia seguinte (07/12).


Até o final desta semana, ocorrerão outras duas atividades, para as quais gostaria de convidar os que acompanham o blog e que morem (ou estejam, nessas datas), na minha cidade, Fortaleza.

No dia 13/12, às 18:30 no Auditório da PROGRAD, no Campus do Itaperi da Universidade Estadual do Ceará (Av. Paranjana, 1700), será transmitido o filme "6 Graus", um documentário extremamente atual, completamente afinado com a ciência do clima e que pode ser assistido aqui (legendas em Português podem ser ativadas, no primeiro botão entre os localizados abaixo do vídeo). 

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O CO2 na vida de Niemeyer, na minha vida, na sua...

Mudanças significativas do clima costumam envolver escalas relativamente longas, de milhares a milhões de anos. Mas o advento da sociedade industrial encurtou essa escala para algo muito mais breve. A duração da vida de um único ser humano, que nem precisa ser dos mais longevos, já corresponde a tempo mais do que suficiente para que tais mudanças sejam percebidas.

Falar de longevidade e não citar a morte de Oscar Niemeyer, nestes dias, parece impossível. Quando ele nasceu, em 1907, a concentração de CO2 atmosférico era de 298,5 partes por milhão em volume (isto é, a cada milhão de litros de ar, 298,5 são de dióxido de carbono). Quando foi concluído o conjunto arquitetônico da Pampulha, em 1944, essa concentração já havia se elevado ao valor de 310,1 ppm. Ao longo desses 37 anos, o incremento de 11,6 ppm nos dá uma taxa média de crescimento do CO2 atmosférico de 0,31 ppm/ano.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Ações necessárias e urgentes (publicado no Diário do Nordeste, em 05/12/2012)

Reproduzo a seguir texto de minha autoria, publicado juntamente com ótima matéria da jornalista Maristela Crispim, na edição de 05/12/2012 do jornal Diário do Nordeste
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Há vários anos, já existiam evidências de que o Planeta está aquecendo e de que isto se deve ao acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, principalmente CO2, produzidos por atividades humanas, sendo a principal destas a queima de combustíveis fósseis. Hoje, há evidências de que o ritmo das mudanças climáticas é mais acelerado do que se imaginava.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Armadilha dos Royalties: Educação não Precisa ser Manchada de Óleo

Com o objetivo de tentar desfazer alguns mitos, volto ao ponto dos royalties do petróleo, após a decisão do governo Dilma em não mudar as regras para o petróleo que já vem sendo explorado mas, ao mesmo tempo, aprovar uma medida extremamente populista, a de "100% dos royalties do pré-sal para a educação".

É uma pena que a ingenuidade da população e a incapacidade (por ignorarem o tema ou por covardia em incidir sobre questões polêmicas) por parte de segmentos que poderiam ajudar a esclarecer a questão, como a comunidade acadêmica e a militância social (incluindo a esquerda politicamente organizada) permitam que esse caldo de cultura de simpatia ao petróleo se instale.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Visita ao INSA

Nesta sexta, estarei visitando, juntamente com os colegas Emerson Mariano e Domingo Cassain, o Instituto Nacional do Semi-Árido, ocasião em que apresentaremos os resultados das simulações de cenários de mudanças climáticas regionais sobre o Nordeste Brasileiro que realizamos em nosso laboratório, na Universidade Estadual do Ceará. Esperamos colher bons frutos.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

If you start me up, I'll never stop! Porque não se pode empurrar o clima ribanceira abaixo!

A letra da música dos Rolling Stones ao dizer "se você começar, eu nunca vou parar" obviamente se refere a uma briga, dessas que pode começar com uma provocação ou um desentendimento pequeno, mas se amplifica por conta das atitudes das partes envolvidas. Ou, para fazer um trocadilho com o nome da banda, é como se um empurrão não tão intenso pusesse uma enorme pedra em movimento, mas uma vez ela descendo ribanceira abaixo, não pudesse ser mais freada.

Ambas são boas comparações para o tema deste texto: as retroalimentações (ou feedbacks) no sistema climático terrestre. Como discuti num texto anterior, há forte indício de que a sensibilidade desse sistema é grande, isto é, que o efeito final especificamente do aumento de concentração de CO2 é maior do que aquele esperado apenas por conta da sua influência direta. Há, de fato,  diversos feedbacks climáticos capazes de amplificar determinadas mudanças, mesmo que inicialmente pequenas e, portanto, de responder pela sensibilidade climática. 

domingo, 2 de dezembro de 2012

Mudanças Climáticas: "Sorte" e Desigualdade na Verdadeira Era dos Extremos


Num dos primeiros dias da COP-18, no Qatar, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, da sigla em inglês) fez uma apresentação do seu relatório especial, o SREX, destinado ao gerenciamento de risco de eventos extremos e desastres para adaptação às mudanças climáticas. Como todo material do IPCC, o SREX está disponível ao público por intermédio deste link.

Imagem de satélite de Sandy, em 29 de Oubtubro de 2012
Eventos extremos são aqueles que não ocorrem ordinariamente e incluem uma variedade de fenômenos. Aqueles ligados aos processos climáticos incluem secas severas, tempestades intensas, furacões, cheias, ondas de calor, etc. Algumas perguntas geralmente feitas são: a ocorrência desses fenômenos se tornou mais frequente? Eles se tornaram mais intensos? Como eles devem mudar em um clima mais aquecido? Que mecanismos físicos estão por trás dessas mudanças? Eventos como o furacão Sandy são causados pelas mudanças climáticas?

Os Negadores das Mudanças Climáticas encontram uma Radical à Altura: a Natureza!


Furacão Sandy
O título alternativo deste artigo bem poderia conter “o IPCC é fichinha” ou, de forma mais inclusiva, “Cientistas do Clima somos fichinha”. Isto porque, de fato, o embate entre nós e os negadores está longe de ser justo.

O debate científico se dá em Conferências e Congressos e, principalmente, por meio da literatura com revisão. São necessários vários meses para um artigo científico (que não raro sintetiza resultados de anos de trabalho), após, às vezes, múltiplas idas e vindas de revisões, finalmente ser publicado (suas conclusões sendo geralmente restritas a um pequeno aspecto da ciência e, por ter de necessariamente ser apresentada de forma técnica, acessível a um público muito restrito de especialistas da própria área).  Apesar de suas imperfeições (erros em artigos científicos podem, sim, ocorrer), do olhar não raro fragmentado, e de sua aparência geralmente obscura para o grande público, são – particularmente hoje em dia - as contribuições parciais, os pequenos avanços e retrocessos, que pavimentam o caminho para sólidas conclusões científicas.

Copo "meio cheio" não salva uma casa em chamas

Alok Sharma, presidente da COP26, teve de conter as lágrimas no anúncio do texto final da Conferência, com recuo em tópicos essenciais "...

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